terça-feira, 7 de julho de 2009

Gestaltismo Parte I


Quando eu tinha uns oito ou nove anos não lembro exatamente, eu não tinha uma noção exata de tempo, a passagem do tempo pra mim era identificada pelas datas festivas tradicionais, tipo São João ,Natal , Dia das mães.

Normalmente por eventos explorados pela publicidade na TV , logo eu sabia ,por essa observação ,mais ou menos em que período do ano eu estava.
Não ter noção de tempo gerava certa ansiedade, eu não sabia exatamente quanto tempo faltava pras férias escolares e isso atormentava.
Quando chegava próximo do natal a TV já anunciava ,era figuras do papai Noel, aquelas musiquinhas típicas, arvores coloridas e tudo mais...
Não tinha como ter duvida,era o Natal chegando, presentes a vista e a preocupação se eu tinha me comportado bem durante o ano,
eu sempre achava que sim, mas era uma opinião meia controversa.

Era tradição: sair pra comprar roupa nova, a ceia, dormir tarde e no dia seguinte se exibir aos amigos com os presentes ganhos.
Mas nem era isso que me interessava, pra mim o mais importante
era que Natal sinalizava as férias, ah! finalmente as férias escolares,
não que houvesse grandes mudanças na minha rotina, mas não ir a escola,acordar tarde, perambular na rua sem preocupação com tempo, horas ou tarefas ,isso era ótimo, sem contar poder ficar até tarde brincando na rua com os amigos, picula, esconde, garrafão, bate lata ,pipas e outras tantas brincadeiras que nem lembro mais.
Apesar de morar na capital ,o meu bairro era afastado do centro e isso me propiciou uma infância com características de menino de interior, andava no mato, pegava passarinho, tomava banho e pescava no rio,

eu adorava as férias.


A falta de noção de tempo também nas férias me deixava meio ansioso ,
assim como eu esperava pra ela chegar, o fim dela poderia me pegar de surpresa
e as propagandas na TV não sinalizavam bem quando isso poderia acontecer ,
o meu marcador pra isso era a própria natureza.
As primeiras chuvas de março ,os vôos das formigas tanajuras e as cigarras cantando ,alias isso é que me deixava mais triste ,o canto das cigarras,
era a trombeta do apocalipse do fim das férias pra mim.


Estranhamente hoje ( mês de julho) ouvir uma cigarra cantando e notei como isso mexeu comigo ,me deixou ansioso e meio triste , como se anunciasse o fim de um período bom, a mesma sensaçao de fim das ferias da infancia , isso me fez pensar como isso é incrivel , somos influenciando por pequenos reflexos condicionados que nem notamos que temos e como esses reflexos nos limitam,bloqueiam, transtorna e tambem impulsiona.
Enquantos algumas "cigarras" cantam vou tentando , mesmo ansioso ,curtindo minhas ferias nao mais de um mês , mas de mil e muitos dias e noites.

SiC.

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